Sobre o Artista
Por Ilda Helena Diniz Castello Branco, novembro de 1977.
JOÃO ROSSI, nasceu em São Paulo, SP, em 1923. Pintor, gravador, ceramista, muralista e professor. Inclinado inicialmente à poesia e ao jornalismo, dedicou-se a ilustrações e sonetos para jornais e revistas. Começou a desenhar desde criança e a desenhar e pintar, autodidaticamente. Diplomou-se em contabilidade e como contador trabalhou numa fábrica de móveis, terminando como desenhista e entalhador de moveis de estilo. Na Associação Cristã de Moços em São Paulo, Montevidéu e Assunção, começou a lecionar desenho e pintura. Em Montevidéu, impressionou-se com a obra do construtivista uruguaio Torres Garcia. Em Assunção, entrou em contato com o trabalho da ceramista paraguaia Josefina Plá. Foi um dos artistas que deu início ao movimento moderno no Paraguai. Casou-se com a ceramista Isabel Olmedo, paraguaia, e voltando para São Paulo, em 1953, foi lecionar na Escola de Arte do Museu de Arte Moderna de São Paulo, ao lado de Nelson Nóbrega, Lívio Abramo e Wolfgang Pfeiffer. Em 1954, foi lecionar na Escola de Arte da Fundação Armando Álvares Penteado, diretor da Escola de Arte e em 1962, diretor da Faculdade Artes Plásticas e Comunicações da mesma entidade. Em 1968, organizou e dirigiu a Unidade de Desenho e Plástica da Faculdade de Filosofia da Universidade de Mogi das Cruzes. Desde 1972 é professor da cadeira “Iniciação às Técnicas Industriais da Universidade Mackenzie. Em 1974, dirigiu os cursos de Especialização em Artes Plásticas e Técnicas Industriais na Universidade de Ribeirão Preto.
Tem quatro trabalhos publicados na “Memória Paulistana” (catálogo editado em 1975 pelo Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Esportes e Turismo, Conselho de Coordenação: Museu da Imagem e do Som), no qual retrata a São Paulo da garoa, os luminosos, os bondes, os novos edifícios de concreto, a Avenida 9 de julho antes da transformação urbana sofrida com a construção dos elevados, motivação dos seus temas urbanos.
Por volta de 1960, começou sua atividade de muralista, destacando-se as suas principais obras públicas realizadas:
1967 – Projeto e execução do mural “Passeata” para Garagem 7 de setembro, na rua Conde do Pinhal, em cerâmica vitrificada.
1968 – Realizou com Caciporé Torres os murais (alto relevo em terracota) para fachada do Palácio do Bandeirantes, intitulado “História e Evolução da Cidade de são Paulo”, desenho de João Alvim de Souza e Natanael Longo, premiado no concurso universitário promovido pela Casa Civil do Palácio do Governo.
Publicou vários álbuns de gravuras, dentre eles, em 1975, um álbum-brinde para a CETESB, com 5 gravuras ecológicas em metal, policrômicas, cuja técnica executiva é demonstrada em 5 painéis didáticos, que se encontram nas salas da companhia, à Av. Prof. Frederico Hermann Júnior, em São Paulo.
Além da temática urbana, Rossi criou uma figura ameríndia, feminina e maternal. Com a técnica da cerâmica também executa objetos de uso doméstico (utilitários). Pesquisando em laboratório com novas matérias primas, assimilou vidros, pigmentos e minério cerâmico, imprimindo à sua obra e expressão “Polimatérica”.
Na VIII Bienal de São Paulo, lançou objetos tridimensionais: caixas de madeira contendo figuras de cerâmica, encerradas com pinturas e colagens em vários planos de vidro. Paralelamente à sua atividade de professor, trabalha no seu atelier, na Vila Sônia, em São Paulo.